(Português) Ativista de direitos humanos é condenada a prisão na China

(Português) 10 de abril de 2012

A advogada e ativista de direitos humanos chinesa Ni Yulan foi condenada nesta terça-feira a dois anos e oito meses de prisão por causar distúrbios e por fraude, em um novo golpe do governo chinês contra os direitos civis. Seu marido, Dong Jiqin, também foi condenado a dois anos de prisão por causar distúrbios.

Ni, que está em uma cadeira de rodas desde que foi espancada pela polícia em 2002, e Dong foram detidos em abril de 2011, durante uma campanha das autoridades contra dissidentes por temor de que a ebulição da Primavera Árabe chegasse à China. O casal é especialmente ativo na defesa de pessoas desalojadas pela especulação imobiliária, um fenômeno frequente no país, onde centenas de milhares de pessoas sofrem com retiradas violentas e demolições forçadas em nome do desenvolvimento – Ni e Dong passaram eles mesmos por essa situação. Os dois prestam assessoria gratuita a outras vítimas de desapropriações e corrupção.

Uma filha do casal revelou que em dezembro surgiram as acusações de distúrbios contra seus pais por uma suposta agressão a funcionários do hotel onde eles foram obrigados a se hospedar por dez meses. Procuradores alegam que os ativistas estão no hotel deliberadamente. Ni já chamou a situação de “prisão negra”, como são conhecidos os locais de detenções informais, como hotéis ou casas do governo usados para prender dissidentes sem apelar para procedimentos legais.

Um porta-voz do tribunal de um subúrbio de Pequim que ordenou as prisões afirmou que o casal não pagou 69.972 iuanes (cerca de R$ 20.250) relativos às despesas no hotel, parou de registrar os visitantes, destruiu o livro de registros do estabelecimento e agrediu funcionários.

– Eles se recusaram a mudar de quarto ou a fazer o check out, então o funcionamento normal do hotel foi seriamente perturbado e grandes perdas econômicas foram causadas – afirmou o porta-voz, que se recusou a revelar sua identidade. Ele também afirmou que Ni pagou cinco mil iuanes para que “fabricassem sua identidade de advogada”.

Ni recebeu ainda uma multa de mil iuanes, mas seus advogados insistem que ela não violou nenhuma lei.

– O veredito foi injusto e ilegal – afirmou Cheng Hai, advogado da ativista. Cheng disse que Ni vai apelar da decisão em até dez dias.

A filha de Ni Yulan afirma que sua mãe não teve acesso a acompanhamento médico durante o tempo em que ficou detida.

Ni Yulan, de 51 anos, já foi presa em 2002 e em 2008, durante um e dois anos, respectivamente, por “obstruir o trabalho das autoridades” e “causar danos à propriedade pública”. A advogada foi premiada em dezembro de 2011 com o Prêmio Tulipán de direitos humanos do governo da Holanda.

– Estamos particularmente preocupados com a saúde da senhora Ni e pedimos sua libertação imediata – afirmou Raphael Droszewski, da missão da União Europeia em Pequim. Segundo ele, a UE está “preocupada com a deterioração da situação dos defensores dos direitos humanos na China”.

Fonte: Yahoo Notícias

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